
Além das Startups
Inovação e startup são as palavras da moda. Ninguém quer estar de fora, seja mobilizando seus colaboradores a inovar (pauta da área de Recursos Humanos), seja querendo vivenciar um ambiente inovador, mesmo que como pauta de marketing e comunicação corporativa. Diversos modelos estão sendo testados, seja pelas aceleradoras ou atraindo startups para dentro de grandes corporações, no modelo in company.
Como motor desse movimento, milhares de investidores – pessoas físicas e jurídicas – estão aportando recursos de forma indiscriminada, num método de apostas sem grande compromisso ou esperança de resultado. O mercado tende a evoluir e amadurecer. Já há startups profissionalizadas, com boa governança, estruturas societárias mais complexas e sendo cobradas por resultados de “gente grande”. Empresas inovadoras com modelos já testados e produtos e serviços sendo comercializados. Já há histórias bonitas para contar, com empreendedores milionários ou bilionários, a partir de suas inovações. Outras, na esperança de seguirem o mesmo caminho, buscam rodadas e mais rodadas de investimento. Trago uma breve visão deste mercado, para lembrar de que, em paralelo, há um outro mundo que foi ficando esquecido e tem grande potencial de ganho para os investidores, nesse momento de baixa de juros e bagunça geral na nossa República – são as pequenas e médias empresas da economia real.
Muitas não estão no olho do furacão da inovação, mas possuem produtos e serviços de qualidade, com um público consumidor fiel e muitos anos de estrada. Inovam de forma incremental e vão se renovando ao longo do tempo, assim como apresentam resultados financeiros interessantes e uma solidez gerencial que, em muitos casos, traz inveja às grandes corporações. Falta acesso a capital ou, às vezes, até ousadia para crescerem. É nesse ponto que entra o papel de um investidor visionário e astuto! São empresas que o valor não está em um novo aplicativo ou serviços essencialmente digitais, mas possuem produtos com diferenciação em mercados com grande potencial de crescimento e consolidação – modelos de negócios que podem ser escalados e franqueáveis, os quais a inserção de tecnologia é um meio e não um fim em si só. As fintechs, agritechs e afins são uma realidade que mudará o mercado e a forma de viver e consumir das pessoas. Quem acertar a mão ganhará muito dinheiro! Mas esse mercado não é para todos. Talvez, no Brasil, com carência de todos os tipos, seja realmente para poucos. Por isso ampliar a visão para o mundo das pequenas e médias empresas pode trazer ganhos surpreendentes lá na frente., aproveitando oportunidades únicas de assumir a gestão ou mesmo de participar como investidor.
Fabricio Scalzilli
Sócio da Nello Investimentos